quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Do campo a cidade

A vida de pessoas que migraram das zonas rurais para a cidade e as opiniões de pessoas ligadas à agricultura a respeito do êxodo rural

As propriedades rurais de Tenente Portela estão reduzindo com o passar dos anos. Dados do IBGE apontam uma redução considerável da população rural. Por exemplo, no ano de 1.996 nosso município contava com 1.492 domicílios na área rural e no censo de 2.007 o número de domicílios rurais era de 1.378. Isso representa uma redução de cerca de 8% das residências da área rural em um período de 11 anos. Atualmente o índi
ce de migração para a cidade reduziu, mas muitos jovens do interior estão procurando a cidade para estabelecer moradia. As justificativas para esse fenômeno são a procura por formação superior e o acesso facilitado que a vida na cidade proporciona para cursar uma universidade.
Muitas vezes a saída da propriedade rural e migração para a cidade está associada ao fato de se buscar auxílio para os estudos, já que o acesso é dificultado e a renda da produção agrícola, muitas vezes é insuficiente para cobrir os custos de uma universidade. Aline Fernanda Rosseti tem uma história semelhante. Criada na Comunidade de Braço Forte a jovem mudou-se para a cidade há cerca de 6 anos com o objetivo de trabalhar e ter uma renda extra. “Vim trabalhar na cidade para reduzir os gastos e auxiliar nas despesas familiares”, afirma Aline. Ela ainda disse que gosta muita da vida no interior. “Vivi toda minha infância e adolescência no interior e todo final de semana quando posso estou lá auxiliando meus pais. É gratificante”, garante a jovem que cursa faculdade de Biologia.
Para Aline o trabalho na agricultura é muito importante, por isso ela sempre está disposta a ajudar seus pais. “Se você tem instrumentos, meios e incentivo é um trabalho gratificante e digno como qualquer outro” afirma ela. E se você acha que a família da Aline era contra a sua saída do interior está enganado. Segundo a futura Bióloga foram seus pais que a instigaram a morar na cidade, trabalhar e ajudar a bancar seus estudos.
Além de pessoas com experiências semelhantes às de Aline, existem também casos como o de Ismael Cassol. Filho de ex-agricultores, Ismael acompanhou seus familiares que há 6 anos resolveram mudar-se da comunidade do Pinhalzinho para a cidade e tornar-se funcionários. Segundo Ismael, a saída do interior veio para facilitar o acesso aos estudos. “Mudamos para a cidade para ter um deslocamento melhor até a faculdade, por exemplo, e também para não viver mais tão isolados das coisas da cidade” afirmou ele.
Outro motivo da migração para a cidade que a família de Ismael levanta se refere ás condições de trabalho na agricultura. “Mudamos também devido a problemas de saúde, pois o trabalho no interior é muito desgastante”, afirma filosofo Ismael.
Apesar de agora morar na cidade, Ismael mostra que ainda tem saudade do tempo que morava na propriedade rural. “A vida na agricultura é sofrida, mas muito importante também. Eu gostava bastante de morar no interior” garante ele.
O presidente o Sitraf de Tenente Portela Nelsindo Galli acredita que existe e sempre existiu êxodo rural em Tenente Portela, mas acha que podem ser tomadas providências para a redução das tachas de migração do interior para a cidade. “Para acabar com o êxodo rural é necessária a criação de um preço máximo de produção e um preço mínimo de comércio dos produtos da agricultura e pecuária familiar”, afirma Galli. Ele acha ainda que para o jovem permanecer nas áreas rurais é preciso gerar uma renda fixa mensal, que garanta no mínimo o pagamento de uma mensalidade em alguma universidade.
Sabe-se que entre as conseqüências do êxodo rural estão o rápido crescimento da cidade que acaba ocasionando desigualdades sociais e o conseqüente fenômeno da moradia em favelas. Segundo Galli os maiores reflexos do êxodo rural em Tenente Portela estão na área rural, pois ele acredita que os jovens saem do interior, mas não se mudam necessariamente para a nossa cidade. “Muitos jovens vão estudar e trabalhar em outras cidades da região”, garante ele.
Para o Secretário Municipal da Agricultura de Tenente Portela Alexandre Furini, além de êxodo rural, existe também o êxodo urbano, quando as pessoas migram de uma cidade para outra. Segundo Furini, os jovens vão trabalhar na cidade, mas continuam dependentes do interior. “Os jovens vão para a cidade, mas o salário que recebem não é suficiente para cobrir todos os seus gastos, e acabam buscando comida na casa de seus pais no interior”, afirmou ele. O Secretário Furini ainda disse que algumas pessoas tem um certo glamour em morar na cidade e acabam criando uma depreciação da agricultura. Segundo Furini, quem mora nas áreas rurais precisa se sentir melhor estruturado. “Precisamos dar alto estima para quem mora e vive da agricultura, propiciando uma renda e melhor qualidade de vida” conclui.
As opiniões são diversas a respeito do assunto êxodo rural. Muitas pessoas continuam deixando a agricultura para buscar condições melhores de vida. O que se sabe é que a vida na agricultura é muito importante e é gratificante para quem mora na cidade saber que existem pessoas preocupadas em cultivar a terra e produzir alimentos considerados mais saudáveis.







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