quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Agora é que são elas!

O poder das mulheres no mercado de trabalho

Nos últimos anos os clientes de postos de combustível de Tenente Portela têm arregalado os olhos ao chegar perto das bombas. Mas o fenômeno não é proveniente dos preços exorbitantes dos combustíveis, e sim pelo atendimento que, muitas vezes, é feito por mulheres.
Há muitos anos que o trabalho de frentista de posto de combustível era tachado como trabalho exclusivo do sexo masculino. Mas de uns anos para cá a história anda mudando de personagens. É só sair para abastecer o carro que dá para notar que as mulheres também estão ganhando espaço neste campo de trabalho.
Carla Soares trabalha como frentista há 7 anos. Atualmente ela trabalha tanto no caixa quanto perto das bombas de combustível. Carla conta que começou a trabalhar no posto porque o irmão, que também é frentista no estabelecimento, conseguiu o emprego para ela. Carlinha, como é conhecida pelos colegas de trabalho, disse que não sente nenhum preconceito por parte dos colegas por ser mulher. “O tratamento do meu chefe e dos colegas é como o de uma família”, afirma ela.
Carla não costuma usar maquiagem no trabalho. “Eu acho que não é conveniente e apropriado” disse. Segundo ela, as pessoas não sentem diferença no atendimento prestado por uma mulher, mas disse também que, às vezes, aparece alguém com alguma piadinha. A resposta de Carla para isso: “Eu levo na esportiva”.
Ilário Hanauer é o chefe de Carla. Ele vê com bons olhos o trabalho de sua funcionária. “A mulher é muito mais atenciosa que os homens e ela qualifica mais o atendimento aos clientes” afirma Hanauer. Ele ainda disse que a sua funcionária está mais atenta ao trabalho do que alguns de seus funcionários do sexo masculino.
O empreendimento de Euclides e Marcos Fornari pode ter sido o primeiro posto de combustível de Tenente Portela a empregar uma mulher como fentista. Mas veja bem: pode ter sido. Não existem registros de outros postos que tenham contratado efetivamente uma mulher como frentista há mais de 20 anos atrás. O sócio-proprietário Marcos Fornari disse que há 18 anos atrás efetivaram a contratação de uma mulher como frentista do posto. Para Marcos a contratação de uma mulher foi “uma opção de atendimento para as próprias mulheres”. Além disso, Marcos acredita que as mulheres são mais detalhistas. “O serviço de acabamento feminino é melhor, pois a mulher é mais delicada naquilo que faz” acrescentou Marcos.

Eva de Oliveira é funcionária de Marcos. Ela disse que quando está inspirada usa maquiagem para ir ao trabalho, mas nada que chame muito a atenção. Eva disse ainda que gosta muito do que faz e que não se incomoda com as chacotas de alguns clientes. “É normal alguns fazerem brincadeiras, mas eu fico tranquila, não me estresso”, afirmou a frentista.
Diferente de Eva e Carla, Gil Sala é esposa de um proprietário de posto e gerente do estabelecimento. Ela conta que há 21 anos trabalha na empresa e também exerce funções de frentista quando o movimento aumenta. A gerente Gil afirmou que contrataram mulheres para trabalhar de frentista porque receberam pedidos de clientes. “Foram colocadas mulheres para trabalhar a pedido dos proprietários de veículos, pois a mulher cuida mais dos detalhes, especialmente na limpeza”, afirmou a gerente. Para ela a mulher atrai mais o cliente por ser mais ágil na conversa.
Veronice Schneider de Sousa é funcionária do estabelecimento que Gil gerencia há 1 ano e meio. Nice, como prefere ser chamada, acha muito bom o seu trabalho e não liga se algumas pessoas fazem gracinhas com ela. “Recebo as piadinhas tranquilamente, tenho que entender”, afirmou. Nice ainda disse que os clientes saem satisfeitos com o seu atendimento e, que só às vezes, algumas pessoas não gostam muito. “Dependendo o que é para fazer no carro, algumas pessoas têm preferência de ser atendidas por homens, mas é algo raro” disse a frentista Nice.
O frentista Marcos Becker é colega da Nice. Ele disse que é muito bom trabalhar com uma mulher e que não vê problema nenhum de alguém do sexo feminino trabalhar em um posto de combustível. “Ela desenvolve bem as funções e é bem companheira e amiga no trabalho”, disse ele.
Os clientes também parecem ter aprovado a ideia de que as mulheres podem muito bem trabalhar em atividades que em outras eras eram exclusivamente “coisa de macho”. Cliente de um estabelecimento, Ildo Borges, disse que gosta de deixar seu carro nas mãos de uma mulher para o atendimento. “A mulher é mais cuidadosa com os carros, além de ela ser mais atenciosa com os clientes”, afirmou Ildo.
Claro que nem todos os postos de combustível possuem mulheres em seu quadro de funcionários exercendo a atividade de frentista. Silverte Nilson é sócio-proprietário de um desses estabelecimentos. Mas segundo ele, não é preconceito o motivo de não ter mulheres trabalhando de frentista. “A gente não fica trocando de funcionários a cada pouco tempo, prova disso é que existem alguns funcionários que se aposentarão daqui um tempo, e que trabalharam apenas aqui”, afirmou Silverte. Ele completou dizendo que ainda não apareceram candidatas a frentista de posto para ser contratadas no estabelecimento dele.
Por fim, uma coisa é certa: as mulheres estão ocupando o lugar dos homens em quase todas as atividades. Hoje são mulheres gerentes, mulheres taxistas, mulheres delegadas e mulheres frentistas. É melhor os “marmanjos” se cuidarem, pois o “sexo frágil” dentro de alguns anos pode ser o sexo masculino, pois “agora é que são elas!”.


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