segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Os problemas com a acessibilidade

Obstáculos encontrados pelos portadores de deficiência física passam despercebidos pelos olhos da população

Tenente Portela parece não dar muita atenção as pessoas portadoras de necessidades especiais. Como comprovar isso? É só andar pelas ruas da cidade. São calçadas irregulares, carros estacionados em frente a rampas de acesso, órgãos públicos e privados que não possuem rampas.

Além disso, as calçadas geralmente são trancadas com entulhos ou materiais de construção.
Segundo dados do IBGE, no ano 2.000 (não existem dados catalogados do censo 2007), Tenente Portela tinha uma população de 14.343 habitantes, dos quais 658 eram portadores de deficiência motora (incapaz, com alguma ou grande dificuldade permanente de caminhar ou subir degraus). O município ainda tinha 58 pessoas com deficiência física (tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia permanente).
Nossa equipe conversou com uma pessoa portadora de tetraplegia que não quis ser identificada. O chamaremos de SF.
Muitos ambientes não podem ser freqüentados por deficientes físicos. “É difícil ir a vários lugares, pois em todo o canto existem degraus”, afirma SF. As calçadas não estão em boas condições e o calçamento é irregular, mas SF garante que “sempre tem alguém perto para ajudar”.
Um dos grandes problemas enfrentados pelos portadores de deficiência física são os degraus. A maioria dos órgãos privados tem elevações verticais, portanto dificultam o acesso. Nossa equipe saiu a rua e analisou 126 empresas. Deste montante apenas cerca de 12% são de fácil acesso. É possível observar números completos na tabela.
No setor público, foram analisados 10 órgãos, dos quais, apenas 3 possuem rampas. Entre os outros 7 órgãos públicos, vários possuem escadarias.
Além das más condições de acessibilidade do comércio e das organizações públicas, a população também não contribui para a melhor mobilidade dos portadores de deficiência. Frequentemente flagra-se motoristas estacionando automóveis em frente às rampas de acesso.
Existem atitudes para resolver algumas destas questões, contudo os maiores interessados veem vários problemas. “Existem lugares que foram feitas rampas que não são possíveis utilizar, porque os pés da cadeira batem no chão”, diz SF, referindo-se ao nível muito íngreme das rampas. “ Não dá para descer nem subir”, conclui.
SF ainda diz que as calçadas são muito ruins, e várias delas tem degraus. “Tinha que haver uma fiscalização maior quando as pessoas fazem as calçadas”, afirma SF. Segundo o Secretário Municipal de Serviços Urbanos Ercílio Neckel existe uma fiscalização, porém é difícil controlar o crescimento da cidade. “Estamos tentando melhorar as condições de acesso da cidade, inclusive propondo estacionamentos privativos” destaca.
Neckel ainda afirma que muitas vezes as pessoas com alguma deficiência de mobilidade passam despercebidas aos olhos da população. O Secretário Municipal da Assistência Social Celso Queiroz afirma que “a população precisa ser constantemente alertada sobre a questão da acessibilidade, pois este é um campo com várias deficiências no município”. Queiroz ainda garante que é necessária uma maior discussão sobre o assunto. “É preciso um estudo detalhado para analisar a viabilidade das adaptações e colocá-las em pratica”, afirmou.
OBS.: Essa reportagem foi feita para que as pessoas se conscientizem para ajudar e facilitar a locomoção dos portadores de deficiência física, e não para criticá-los quando, porventura, esses reclamam das condições, e diga-se de passagem, reclamam com muita razão.

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